Sê também Alice



   Será que pensa em mim como penso em você? Será que lembra-me quando vê arte, poesia e literatura assim como de ti lembro ao ver tua área? Tomara que não! Ter-te perderia toda a graça, tomara que pense em outros, em outras, tomara que seja indiferente – humano.
   Por ora, confie em mim se precisar de definições para ti. Defino-te como quem define a natureza, como quem sente os cabelos aos ventos e um abraço inesperado vindo do mesmo. Defino-te como quem escuta folhas se tocarem, acarinhando-se. Definirei como uma brisa quente, que marca, que incomoda, e lembra o sol; e faz-nos agradecer o vento. Definir-te-ei enquanto sento em uma praça abandonada, pouco reparada e que guarda a calma. Será que aqui me encontrarias ou serias um coelho branco qualquer? Tomara que sejas o último, permitindo aos meus pensamentos imaginativos tempo mais longo para descrever-te. Mas que sejas também Alice por um segundo a me perguntar, me tocar e surpreender. Que venha interromper o tempo, o lápis, mudar a posição das sombras após o ressoar das folhas atrás de mim tocadas. Enlace-me como o vento. Como uma marca. Explore meus braços como uma pequena formiga que conhece um novo mundo. Peço-te: Des-exista para que minha loucura possa acontecer, para que eu possa escrever sobre o que não existe, sobre o que não é.
   Será que é verdade o que me diz? O que fala sentir? Pois acho que sim. Pois tu é a razão e a dificuldade minha em definir [...]. Tão fácil seria falar sobre o irreal. Tão simples seria se fosses esta joaninha que pelo meu moletom escala rumo aos pensamentos que agora aparecem, que agora somem, que agora correm como coelhos brancos que buscam Caeiro, que negam Caeiro. E que ao ponto que se acalmam, mostram que querem voar para a realização do sonhar que desesperado está longe de ti, mas que grita e salta para que possam ver e ouvir. Tu agora existes e existirás para sempre em mim.


Perdoem tamanho paradoxo.

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