Sentindo Realidades II

Unconquered Sun, 2020. Brad Kunkle



Sou da geração que fala de si

Sou da geração que desconfia de si. 

Sou filha da burguesia que não tem papo, que não tem saco. 

Nasci recessiva em mundo dominante.

Sou da geração que escreve e precisa de grana, sou dos que escrevem por pura esperança. 

O infinito não é nada se você não tem nada. 

Sou da geração que é egoísta, sou do arquétipo que o mundo é só meu. 

Sou do tipo recessivo que pensa e compreende. Ainda vou salvar meu caderno quando eu não tiver nada. 

Ainda vou ser mistério quando eu não sentir nada. 

Vou sentir realidade nas gotas desse banho. 

Vou me lavar pra ficar no preto e no branco. 

Sou da geração que é egoísta. Sou maioria que pensa em minoria. 

Talvez eu me lave da própria hipocrisia. 

Sou da geração que não luta pela paixão. 

O infinito não significa nada quando você não tem nada. 

Sou da personalidade que não tem nada. 

Que sente vazio, que é vazio cheio de crenças, cheio de sonhos cancelados. Cheio de sonhos mal criados. 

Sou da geração que luta pelo mundo sem não. 

Sou da geração do refúgio utópico. Sou da geração que pede perdão. 

Sou indivíduo que acredita na força da subjetividade, da lealdade às vontades.

Sou do meu mundo que quer encher o vazio de tudo.  

Sou do meu tempo que não tem medo de páginas rasgadas. 

Sou do meu mundo que anseia pelo recheio que tem o infinito. Eu não tenho nada. 

Eu tenho uma página quase rasgada. 

Tenho círculos e gotas de água. 

Sou o tudo no meu vazio que não tem nada. 

Estou me apresentando onde tem ninguém pra ver. 

Estou dançando de um jeito que o mundo infinito não irá compreender. 

Estou sendo quem penso ser.

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