Amor em Não Amar

Samuel manjador das fotografias colaborando para o embelezamento da página. Obrigada, seu esquerdo. 


     Amor em não Amar não passa de miopia generalizada.
    O título inicial se referia ao Amor pela negação de um romance, de um relacionamento. A negação pelo que me prendia. Porém, tornou-se paradoxal. O Não Amar durou nada em mim. O amor me consome. Amor à vida, às pessoas, ao universo como um todo. A paixão me consome com suas asas desde o esôfago até o duodeno, e a admiração pela arte me absorve para os buracos negros finitos da vida.
   O Amor em Não Amar faz parte de uma visão amorosa do mundo, das pessoas e da beleza que parece não existir. O Amor é a retina que lê a imagem precocemente, que insiste em ver tudo uno, tudo em fluxo; o Não Amar são os óculos que obrigam a retina a aceitar seu foco, e que joga todo o meu mundo para o lugar que julga certo ficar. O Amor em Não Amar é a miopia em briga com as lentes; é a visão ampla, turva, confusa que insiste na ampliação das luzes em contradição aos detalhes, ao “brilho” e ao “foco” que as lentes fornecem. O amor se faz míope em um mundo de oftalmologistas; a paixão aproveita os óculos para focar o desfocado e obrigar a concentração da retina em um ângulo específico enquanto o universo a chama, enquanto o mundo espera que os olhos confusos e completamente perdidos o olhe.
    O Amor em Não Amar é deitar no chão durante uma noite estrelada e/ou com luar e brincar de tirar e colocar os óculos, de aproximá-los e afastá-los... ver a lua gigante ou ver a lua clara? Enxergar um leite no céu ou enxergar os pontos separados? O Amor em Não Amar é querer tudo ao mesmo tempo em que não quer nada; é aceitar a imensidão de um mundo míope e buscar o detalhe atrás das lentes. 


Comentários

  1. Sensação de amor perdido talvez seja então resultado de retirar os óculos, se afogar na miopia e doer a cabeça, tentando procurar foco na própria vista, semântica na vida e significado em letrinhas miúdas. Mas não sei, você deve ser mais sabida nesse teu oftalmo-amor inventado que eu. Agora, sem mais poesia na minha prosa, fica opinião: Topei sem querer de madrugas, não vi muito mais coisas do blog, mas trabalho bom você ta fazendo aqui; metáfora ajeitada Aourorah. (:

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    1. Quem sou eu para julgar essa interpretação? A graça de escrever é saber os diferentes sentidos atribuídos às palavras jogadas! Obrigada, e visite mais! Você é bem vindo mesmo que venha zoar meu nome até aqui, Khayq =)

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